sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

REVISTA HERMES

REVISTA HERMES

Revista dos alunos do 8º Ano da Escola Curumim (http://www.escolacurumim.com.br)


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Como Freinet vê o professor!

"... o professor, esse mago da cultura que é capaz de realizar sozinho o prodígio de ouvir cinco perguntas ao mesmo tempo e de a todas responder..." (FREINET, Élise. Nascimento de uma pedagogia popular - Os métodos freinet. p. 62, Lisboa (Portugal): Estampa, 1978.)

Sobre as escolas da cidade

"As escolas da cidade possuem uma atmosfera diferente das escolas da aldeia. Uma classe [...] integrada num conjunto de outras classes, tudo isso num mesmo local-caserna e por vezes sob a autoridade um tanto sombria de um diretor não tem a espontaneidade da escola aberta livremente à intimidade de uma aldeia. Os alunos parecem mais impessoais, dominados já por todas essas evasões como são o cinema, as saídas e as ocorrências da rua." (FREINET, Élise. Nascimento de uma pedagogia popular - Os métodos freinet. p.59, Lisboa (Portugal): Estampa, 1978.)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Troca de saber


Todo mundo é professor — BRASIL

TROCAS RECÍPROCAS DE SABERES
Grupos em que os alunos dão aulas uns para os outros estimula o respeito mútuo e pode ajudar na autoestima, responsabilidade e na aprendizagem O importante é a Troca Recíproca: quem aprende num dia, deve ensinar em outro.

Na classe de terceira série da Professora Maria de Lourdes Motta Ezequiel, do colégio particular Glória Nogueira Piquini de Carapicuíba (SP), todos os alunos têm seu dia de mestre.
Eles ensinam, uns aos outros, temas didáticos ou trabalhos manuais. “O objetivo é aumentar o respeito e a solidariedade entre as crianças”, diz a professora. Maria de Lourdes garante que o exercício funciona. “Os mais tímidos ganham autoconfiança” afirma. “E os mais bem sucedidos passam a respeitar os demais quando aprendem alguma coisa com eles”.

Reforço para as aulas
Os temas são definidos pelos alunos. Vale tudo, mas é importante incluir assuntos didáticos. “As próprias crianças costumam pedir para reforçar temas que estejam estudando”, conta a professora.
A atividade é uma aplicação prática do conceito de Rede de Troca Recíproca de Saber (criado por Claire Hebber-Suffrin da França). Freinet ainda não falava em REDE, mas já trabalhava com essa atividade nas classes. Ela pode ajudar na aprendizagem, porque às vezes um aluno não entende o professor, mas compreende o que o colega diz. O exercício de ensinar, por sua vez, reforça o que a criança já sabe e pode incentivá-la a aprender coisas novas, pelo prazer de repassá-las aos colegas.
Descubra a seguir como trabalhar com as “Trocas de Saber”.

Acompanhe todos os passos
O professor deixa de comandar a aula, mas deve ajudar a turma quando for preciso, nas diversas etapas do trabalho.
Antes de dar o sinal de partida, deve ser explicado aos alunos o que será feito.
Deve-se perguntar o que os alunos querem aprender. Depois deve ser visto quem pode ensinar. Essa ordem facilita a montagem dos grupos. Se alguma criança quer atuar somente como professor, diga-se-lhe que poderá ser bom também aprender alguma coisa. Agora, se outra criança nunca quiser dar aula, que seja ajudada a descobrir algo que possa ensinar.
Importante: os alunos não devem ser obrigados a participar. Quem não quiser entrar pode ficar lendo livros ou pode se dedicar a algum jogo ou desenho enquanto os demais se reúnem.
Deve ser marcada uma data para a atividade, em horários que já sejam normalmente usados para exercícios de reforço, de modo a não atrapalharem a rotina. A atividade de trocas de saber costuma demorar cerca de duas horas.

Escolha dos temas
Para organizar os grupos, toda segunda-feira, por exemplo, a professora expõe na sala de aulas um cartaz de cartolina, dividido em duas partes. Do lado esquerdo as crianças escrevem os assuntos que estão interessadas em aprender.  O outro lado fica reservado para escrevem os assuntos que cada um poderia ensinar.
Durante a semana os “pequenos professores” se preparam. A troca de saber é feita na sexta-feira.

Definidos os grupos é hora da ação
Na sexta-feira, com a sala organizada para suas atividades, com os materiais necessários, nos horários definidos começa-se a trabalhar. Por exemplo, podem-se ter duas equipes na classe: enquanto que numa mesa uma aluna mostra para um grupo o pano de prato que acabou de aprender a fazer com uma das colegas, na outra equipe, outra guria ensina dobraduras numa outra mesa. Artesanato é um tema de grande interesse desenvolvendo a cultura artística.
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Registro dos trabalhos das equipes
Um dos alunos da sala, previamente escolhido, fotografa as etapas dos trabalhos. Cada dia será um fotógrafo diferente, pois assim muitos podem aprender a fotografar. Dessa maneira, poder-se-á produzir uma documentação imagética do trabalho. Numa turma de alunos maiores, pode-se ter, também, redatores que vão escrevendo acerca dos trabalhos que se realizam nas trocas de saber. Juntando-se fotos e redação pode-se compor um jornal, um fanzine ou um blog dos trabalhos.

Atividades finais
A turma pode montar uma exposição com os trabalhos das equipes. Para concluir todos podem ajudar a montar um álbum que vai mostrar passo a passo essa atividade de Troca Recíproca de Saberes, para que crianças de outras turmas e os pais possam conhecer o trabalho.
O registro de tudo o que se faz é uma prática básica da Pedagogia Freinet.

DICAS PARA MONTAR GRUPOS DE TROCAS

A) Explique aos alunos que nem tudo pode ser aprendido em classe. Não vale, portanto, pedir para aprender a dirigir carros ou outra coisa impossível;
B) A partir dos assuntos de interesse, ajude a encontrar quem possa ensinar. Se não houver ninguém apto na turma, chame um outro professor ou um pai ou mãe de aluno. Se toda a classe estiver interessada em aprender a mesma coisa, pose-se formar um único grupo naquele dia. Isso vai satisfazer os alunos e incentivá-los a repetir o exercício eles mesmos.
C) Ajude os professores mirins: sempre que for consultado prepare exercícios ou materiais com eles, ou, se for preciso, para dar mais autoconfiança, ensaie a aula com as crianças como se você fosse um aluno. Isso é positivo para sua relação com a turma.
D) Você também pode participar de uma das equipes, de preferência como aluno aprendiz.
E) Se algum aluno não estiver conseguindo ensinar, ajude-o sem deixar que ele perca o papel de professor.

 O EXERCÍCIO DEMORA EM VIRAR ROTINA

O Ensino Mútuo não deve ser imposto nem ao que vai ensinar, nem aos que vão aprender.
A “rede de troca recíproca de saber mão se restringe à escola. Pode ser feita em qualquer grupo, pois todo mundo sabe alguma coisa e cada um também sempre quer aprender algo. “Quem passa um saber não perde nada de seu e quem recebe um saber fica com mais um saber na sua vida”, define Rosa Maria Whitaker Sampaio, coordenadora da Universidade Mútua, uma instituição que estimula a criação de redes de ensino mútuo e gratuito (em ligação com o Movimento RERSR, Reseau d´Echanges Réciproques de Savoirs com Claire Hebber Suffrin  da França, e seu Movimento em vários paises).
Foi Rosa Maria quem coordenou e ensinou o pessoal do Colégio Glória Nogueira Piquini a utilizar assa prática. “Essa pedagogia exige entusiasmo e não pode ser imposta.” Comenta Rosa Maria. Maria José Piquini, diretora da escola, concorda: “Trabalhamos durante três anos até que a Troca de Saber se tornasse rotina no colégio”, conta, “valeu a pena insistir”.

 Claire Hebber-Suffrin já esteve no Brasil para divulgar seu movimento e conhecer a Universidade Mútua (que no momento não está em atividade). O Movimento em São Paulo cresceu e atualmente temos uma Rede de Trocas de Produtos Saberes e Serviços que acontecem aos domingos, em vários bairros da periferia, com a participação de centenas de moradores que trazem seus produtos. É uma atividade que não trabalha com dinheiro, mas somente na base de trocas. Tudo é anualmente apresentado no Fórum Social Mundial, com a participação de Claire e dos coordenadores de São Paulo.
Em Agosto de 200,5 em Valbonne — França — houve um Congresso ICEM — Movimento Freinet —, e Claire foi uma das pessoas que estavam lá apresentando conferências, trabalhos e atividades, pois ela foi uma professora Freinet.
 Anne Marie Milon, do nosso grupo Freinet do Brasil, teve o privilégio de participar desse Congresso com mais de 400 pessoas e proximamente nos passará notícias e informações sobre ele.

Rosa Maria Whitaker Sampaio
São Paulo, Novembro de 2005.
Revisado por Flávio Boleiz Júnior, em agosto de 2011.




sexta-feira, 19 de agosto de 2011

INSCRIÇÃO PARA O FÓRUM DA REPEF

Faça já sua inscrição para o Fórum "Afinando os instrumentos", da Repef - Rede de educação e pesquisa em pedagogia freinet, que realizar-se-á no dia 7 de setembro de 2011, em Limeira - SP, no Cólégio Portinari.
Visite o link a seguir e inscreva-se:
https://boleiz.wufoo.com/forms/z7x3k7/

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Crianças ensinam crianças - jovens ensinam jovens


Rede de trocas de saberes na classe

As crianças e os jovens aprendem melhor quando exercem o papel de professor do que quando exercem o de alunos.

No quadro escolar...

Poderá ser: crianças maiores ensinando os menores, ou, na mesma classe crianças se ensinando mutuamente, ou uma criança ensina outra, ou uma criança ensina várias.

Fora do horário de aula: dar uma ajuda para os deveres de casa ou trabalhos sobre um projeto – quem sabe mais se oferece para ensinar quem sabe menos sobre determinado assunto e pede para o colega ensiná-lo em outro assunto numa troca recíproca de saberes. Paulo ensina Jonas a Geografia e Jonas ensina Paulo a fazer uma pipa.

O método de aquisição do saber baseado na assistência mútua é uma variante mais rica do que o método tradicional baseado na competição.

Nesse sistema de aquisição dos saberes a motivação não é ter conseguir melhores notas nem competir; mas estabelecer um meio de interação importante com os colegas.

Instrumentos de reflexão sobre seu saber e suas estratégias de aprendizagem:

I ) O aluno em dificuldade se caracteriza por:
        . A convicção de sua ignorância, de sua nulidade. Muitas vezes reflete a convicção da família de origem que vive o fracasso da criança ou do jovem como uma fatalidade.
      . Um não conhecimento de estratégias de aprendizagem.
      . A ignorância de que todo saber se constrói.

II) A rede, pela escolha  e a transmissão de saberes permite:
       . Adquirir um saber sobre seu saber (O saber não é mais somente aquilo que ele não sabe, mas também todas as experiências de sucessos já conseguidos, mas jamais nomeados como tais).
        . Desdramatizar o produto do saber.

Por meio da aprendizagem de que o saber se constrói, poder-se-á transmitir  saberes a outros, descobrindo-se que um saber se elabora:
- por ensaio e erros,
- com os outros (em Redes),
- aprendendo como ensinar, porque para se transmitir é preciso se questionar sobre onde e como se aprendeu; revisar e  remobilizar os saberes adquiridos para transmiti-los.

Um enriquecimento recebido é um empréstimo. Quem ensina não perde nada e quem recebe o ensinamento recebe alguma coisa.

Rosa Maria Sampaio ,  rosamsamp@uol.com.br – Grupo Freinet – S.Paulo – 1995
(Revisado por Flávio Boleiz Júnior – S. Paulo – 2011)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

...a psicologia sensível e a educação...

          [...]
     Às vezes falo do infinito, significando o vasto campo do insondável que exalta incessantemente o poder do homem, mas não faço dessa palavra um sinônimo de divindade transcendente que desde as alturas irradie uma luz revelada.

     Quando comparo com o destino humano a corrente em marcha, seguindo seu determinado curso, coloco nesta comparação algo mais que uma imagem poética mais ou menos démodé.

     A água, por seu fundamental papel de alimento, não é um corpo inerte. Sua plasticidade pode por si só explicar a plástica dos organismos de que é um componente determinante. A submissão da água à lei da gravidade equipara-se à mobilidade da vida submetida ao instinto no automatismo dos reflexos primordiais.

     Sei que outras imagens familiares correm o risco de dar às minhas demonstrações um simplismo que os letrados não deixariam de denunciar se por acaso me lessem. . Mas, a vida, por acaso, não é uma coisa simples e familiar para a criatura que por ela passa sem buscar nela os mistérios que o pretensioso espírito não é capaz de penetrar?

     A grande ignorância dos homens em relação à vida autoriza todas as diligências explicativas, inclusive as mais simples e as mais extravagantes. [...]

FREINET, Célestin.La psicología sensitiva y la educación. p. 13, Buenos Aires (Argentina): Troquel, 1969. (Tradução livre)